quarta-feira, 29 de julho de 2009

Professor

- A minha vida inteira fiquei imaginando como seria compreender tudo. Não apenas ouvir histórias, refletir sobre causos, ler rapidamente um livro ou selecionar um filme ao acaso. Compreender! Saber o que significa. E cada coisa para mim foi sempre uma lição. De uma semente germinando em chumaço de algodão, flores mudando de cor pela ação da fotossíntese sintética, de um olho d’água brotando triunfante do chão, de um filhote de pássaro que ensaia seus primeiros vôos ou que atendem com alegria qualquer estranho que se aproxima do ninho. Ainda que um predador. Na sua ignorância inocente, sem saber do mal que espreita, essas criaturas recebem alegremente seja quem for... ***** - Diante da metamorfose da adolescência, com os hormônios ficando loucos, estudava teologia e psicologia com a mesma naturalidade com que folheava livros de geografia ou estudos sociais na escola, liderava ou era liderado em movimentos religiosos e, quando não sabia, perguntava fosse para quem fosse. Algumas respostas eram duras. Para compreender os demônios desconhecidos e a alma humana não menos misteriosa, curioso por natureza, aprendia com a observação e com o mergulho em bibliotecas de leitura de noites inteiras. Aprendi algumas coisas. Surpreendi-me muito com outras. Tive bons professores. Alguns pacientes, outros nem tanto, mas certamente todos necessários... ***** - Depois da escola, na vida profissional, tive as lições mais duras. Ninguém me avisou das rasteiras que viriam. Disseram-me que bastava saber e todos se satisfariam. Ninguém me avisou que não era bem assim. Ninguém falou que classes sociais não gostam de ser invadidas. São como tigres defendendo seu domínio. Entrar é invadir. “Volte daqui”, dizem-nos seus atos silenciosos exigindo que nos resignemos à uma suposta insignificância de quem chega. Alguns são sutis, mas existem os que varrem com a vassoura se você fingir que não entende. E eu, com lições do astrônomo Carl Sagan na mente, fico pensando... Tanto o extraordinário quanto o insignificante são arquitetos do Universo... ***** - A despeito de amigos que depois de conseguirem o que querem se esquecem do que foi feito por eles, eu fico pensando: quantas coisas poderiam ser feitas se todos quisessem realmente fazer o que dizem em seus discursos? Uma família à mesa, um empresário no escritório, um aluno na escola... Todos. Não é sempre que se encontra ajuda. Mais fácil é encontrar quem esteja disposto a denegrir. E, embora diminuir o outro não nos torne maior, essa é uma prática social comum. Imagino as escolas com todos os seus alunos. Fico pensando em quantos deles reside o mesmo medo que eu tive nos meus primeiros anos escolares. Pensando em tanta coisa para fazer e tão pouco tempo para isso... ***** - Há algumas notas abaixo proponho ensinar improvisos de serigrafia a quem interessar possa. Técnica ultrapassada. Artística. Científica. Curiosa. Divertida. Imagino como seriam outros aprendizados que poderiam preparar a mente aberta de tantos alunos ávidos por conhecimentos novos e usados. Quantos talentos poderiam ser descobertos e lapidados a tempo. Antes que se desencantem com a realidade que os livros escolares não contam. Aprender técnicas alternativas de educação artística pode ser interessante, mas artes marciais e educação física dirigidas são igualmente importantes e providenciais. Apenas que esse assunto deve ser tratado por profissionais da área. Esse alguém não sou eu... ***** - Com minha ajuda uma coisa que poderia ser feita e revelaria escritores, artistas, comerciantes, industriais, negociadores, articulistas, comentaristas, editores, cronistas, romancistas, contistas e tantas outras coisas é a imprensa periódica. Uma escola que envolvesse seus alunos na prática de confecção de um jornal escolar, feito por alunos, produziria uma gama de conhecimentos aos seus e tornaria os dias e aulas bem mais interessantes, penso eu. Além de promover um aprendizado bem mais profundo. Afinal, não basta ler. É preciso compreender o que se lê. Cada fim de ano poderia haver uma edição especial envolvendo todas as escolas com editorias especiais. Se eu puder ajudar, conte comigo...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Repercussão

Em virtude dos comentários publicados no texto anterior (Pra boi dormir), estou postando agora um ofício que só seria publicado na próxima semana. Ocasião em que vence o prazo regimental para a resposta que já deveria ter sido enviada pela Prefeitura. Nas quatro notas do comentário o leitor faz uma avaliação da atual conjuntura político administrativa de Engenheiro Beltrão. As opiniões são fortes. Concordo com algumas. Discordo de outras. Respeito todas. ***** - Nos seus questionamentos o leitor fala de muitos assuntos. Alguns eu conheço. Outros não, mas, de minha parte, estou tomando providências. Requisitei uma lista com os nomes de nomeados com seus salários e função específica. Caso o prefeito se recuse a responder acionaremos o Ministério Público. Coisa que os vereadores já deveriam ter feito. ***** - Abaixo o ofício enviado. Um requerimento que exige a adoção dos princípios básicos da administração pública. ***** ***** Engenheiro Beltrão, 10 de julho de 2009. OF: 050/2009 Ao senhor Elias de Lima DD prefeito municipal DESTA Senhor prefeito: O PSDC – Partido Social Democrata Cristão, legenda coligada majoritariamente ao Partido da República (PR), nas eleições de outubro de 2008 vem, por meio deste, requerer o que segue: I – Listagem das pessoas nomeadas em cargo em comissão (CC), por esta gestão contendo: a) Nome completo do nomeado; b) documento que o identifica; c) Endereço residencial; d) Repartição em que está lotado; e) Carga horária de trabalho; f) Vencimentos totais; g) Data da nomeação; h) Definição de suas atribuições; i) diárias que tenham ou possam utilizar discriminado os seus valores; j) Nome do projeto em que esteja vinculado. II – Lista de cessões e/ou concessões do município a empresas, pessoas, grupos, associações, cooperativas e afins contendo os valores envolvidos, contratos e datas, prazos determinados, principais benefícios para o município, incentivos ofertados e vantagens para o município em manter tais contratos. Sendo o que temos para o presente, certos de seu pronto atendimento e sempre preocupados com o bom andamento do bem público, reiteramos protestos de elevada estima e substancial consideração. Respeitosamente Wanderley Cosmo Presidente

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Pra boi dormir

A conversa acerca de agroindustrialização, promovida pela Prefeitura de Engenheiro Beltrão e o Sebrae, na última quinta-feira (02-07), a título de Programa de Governo, me fez lembrar duas coisas que o passado deixou para trás. Ambas pelo redundante fracasso sofrido após pouco tempo de uso e tentativas. Uma delas, salvo engano na grafia, eram os "Yuppies", jovens executivos agressivos que ficavam milionários em um ano e eram apresentados como exemplo, mas não demorou a se tornar sinônimo de coisas pouco aconselháveis. A outra foi a febre da chamada "re-engenharia", uma espécie de marketing pleno que foi abandonado tão logo percebeu-se o retrocesso que significava e todos os "especialistas" passaram a dizer que nunca haviam ouvido falar daquilo. *****
Embora não vá aqui qualquer crítica pessimista, afinal é preciso acreditar para que possamos melhorar sempre e parar de vez com o retardo a que já estamos acostumados, é preciso lembrar que um trem não anda nos trilhos só porque é um trem. Além de tudo que custou para ser desenvolvido, construído, colocado nos trilhos anteriormente estendido sobre dormentes e tudo mais, ele ainda precisa da locomotiva que puxa ou empurra os vagões no seu guincho alucinado pelas pradarias. É isso que me preocupa. O programa de agro indústria familiar da Prefeitura parece não ter essa locomotiva. Aliás o prefeito (Elias de Lima - PR), alertou que o Poder Público será mero expectador do desenvolvimento dessa atividade. Segundo ele a política atrapalharia o bom andamento do negócio. *****
É bem possível que eu esteja enganado e o programa tem sim sua fonte de energia cinética. Contudo, se tem, está oculta em algum lugar que a conversa toda não revelou. Isso é preocupante. Uma re-engenharia yuppie a essa altura seria um retrocesso desnecessário. Falou-se muito de uma associação ou cooperativa que daria nome aos produtos já existentes e aos que virão, mas nada se disse sobre como se rejeita uma proposta já mensurada para apresentar algo novo e a ser criado. Um embrião de cooperativa de empreendedores foi criado em 1992 na cidade. Naquela época em que estava em moda a criação de sociedades anônimas e alguém (quem será?), alertou que tal sociedade não funcionaria em Engenheiro Beltrão só porque o Fantástico da Rede Globo tinha mostrado um sucesso assim em Umuarama. Como alternativa viável foi então apresentado esse outro tipo de sociedade. *****
O Cefasc (Centro de Empreendimentos Financeiros e Alternativos de Sociedade Cooperativa), anunciado pelo Jornal do Povo (Maringá), em 1993 esteve, e ainda está à disposição do prefeito, da Prefeitura e do povo de Engenheiro Beltrão. Todavia, o nobre alcaide preferiu ignorar sua existência e anuncia, a título de estímulo, que, ou os produtores do município se organizam na atividade proposta por ele, ou ele a dará a pessoas de outras cidades. Um anúncio claro de que a coisa vai rolar custe o que custar. Considerando que a meia dúzia de sempre terão todos os meios para realizar seu trabalho já dá para somá-los aos empreendedores que não precisaram de jovens executivos que sabem de tudo para dizer-lhes o que fazer. Teremos então um belo embrião de futuro promissor e já podemos acreditar que "dessa vez vai". Vai? *****